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Critica Sem Spoiler - O Lobo Solitário

  • Foto do escritor: Manuel Pessanha Costa
    Manuel Pessanha Costa
  • 19 de dez. de 2021
  • 4 min de leitura

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O Lobo Solitário é uma curta portuguesa de suspense e de drama, dirigida e escrita por Filipe Melo que estreou a 18 de Julho de 2021 no Vila do Conde International Short Film Festival, a 8 de setembro de 2021 no Motelx – Lisbon international Horror Film Festival, e no dia 11 de Dezembro de 2021 na Comic Com Portugal, onde tive oportunidade de o ver. Numa certa noite, no programa noturno da Viva FM “O Lobo solitário” onde se fala de sentimentos e emoções, o apresentador da rádio Vitor Lobo recebe um telefonema de um velho amigo.


Filipe Melo e Juan Cavia são uma dupla de artistas de banda desenhada que têm um bom reportório de obras já publicadas, quer nacionalmente ou internacionalmente. A saga As aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy e obras como Os Vampiros, Comer e Beber ou até o mais recente A Balada de Sophie são bons exemplos do talento desta dupla. Já no campo das curtas-metragens, Filipe Melo não é totalmente um novato, embora possa estar a aprender como um. Sleepwalk (2018) é um bom exemplo no qual o artista consegue passar totalmente o sentimento exposto na história do seu livro que adapta: Comer e Beber. Já em O Lobo Solitário é a primeira curta original dele como realizador e como argumentista, sem ser baseado em nenhuma outra obra sua, o que torna mais propicio a errar. Mas ao contrário do que parece, a curta saísse bem naquilo que quer entregar e discutir.


A narrativa do curta de Filipe Melo é simples por se passar num único local, e complexa ao ponto de tentar explorar a psique do seu protagonista e do velho amigo que nunca mostra a cara. A trama é linear, bem estruturada e bem planeada, introduzindo a problemática que surge ao poucos e desenvolvê-la ao mesmo tempo que explora o Vitor Lobo. A narrativa consegue manter bem a tensão que quer transmitir e angustia que quer dar no espetador, ao desbravar o pesado passado do protagonista sem nunca ter que usar o recurso de flashbacks ou de imagens ilustrativas, somente usando o poder do diálogo. Mesmo aqueles diálogos mais descontraídos ou mais fora da curva parecem querer dizer algo mesmo que não o pareçam. Quanto ao final, é bastante impactante e assustador ao mesmo, servindo quase como uma critica construtiva a temas que assistimos.

Já os personagens são outro dos pontos fortes da curta. O destaque fica mais para o protagonista, Vítor Lobo, interpretado por Adriano Luz que consegue ser aquele que é quem move toda a trama do curta. O Ator consegue mostrar uma atuação fantástica ao tentar incorporar uma personagem orgulhosa e à primeira vista simpática que mais tarde começa a revelar o seu lado mais negro. Tudo isto feito num único take e sequencia, o que dá mais valor à sua performance e ao seu trabalho. Já a personagem Sandra, interpretada por Maria João Pinho, embora seja bastante pontual na narrativa, as suas aparições são modestas e sinceras, conseguindo extrair muito bem da sua personagem e conseguindo servir como um apoio para o protagonista. E claro, não podemos esquecer de mencionar o António Fonseca, que interpreta o velho amigo do protagonista e embora não esteja presente fisicamente na curta, este, através da sua voz, consegue transmitir toda emoção do seu personagem. O tom que põe na voz e entoação que o faz já dá toda expressividade da emoção que a personagem está a sentir naquele momento.


Já a nível técnico, Filipe Melo parece ambicioso naquilo que quer entregar. A primeira coisa que nos faz ressaltar à primeira vista é o facto da curta ser toda executado num único take, ou seja, feito em plano sequencia. A forma que o novato cineasta optou por tomar é bastante interessante e traz bons frutos para curta. Em vez de pôr o plano centrada no personagem e estático, decide ir por outro caminho, tentando assim realçar mais a emoções e sentimentos do protagonista, ao andar com este à volta do mesmo. Todo o resto da produção alia-se bem a essa ideia. Uma banda sonora calma, mas que consegue evidenciar bem os momentos mais tensos, composta pelo próprio realizador, junto com Paulo Furtado, e uma cinematografia


fantástica de Vasco Viana que evidencia tons mais escuros e frios, como o azul e o verde, com cores mais quentes mais pontuais como o vermelho ou o laranja. Claro que tudo isso se deve também ao trabalho de Juan Cavia como diretor de arte, que tal como na banda desenhada, consegue mostrar uma sensibilidade artística incrível. O único defeito que posso apontar na parte técnica do curta fica para o som. No início do curta, a banda sonora sobrepõe-se bastante sobre as vozes dos atores, problema quase muito recorrente em produções portuguesas. Isso não seria um problema que se a intenção não fosse mesmo ouvir as vozes destes, denunciada pelas próprias legendas em inglês que a curta mostrava. Já no resto do curta, o som parece conseguir aliar-se bem com tudo resto, mas é pena que no começo isso não aconteça.

Em Suma, O Lobo Solitário é uma curta portuguesa bem executada e bem feita que merece mais reconhecimento, quer a nível nacional ou internacional. Infelizmente, não é uma curta fácil de recomendar para se ver, não por esta ser má ou fraca, mas sim por esta não ter a mesma disponibilidade que as restantes curtas que aqui critiquei. Se algum dia tiverem oportunidade de assistir esta curta nem que seja no Youtube, fica aqui a minha recomendação!


Pontos Positivos:

- Narrativa Tensa e intrigante

- Diálogos bem trabalhados

- Excelente atuação de Adriano Luz como Vítor Lobo e António Fonseca como Velho amigo.

- Boa prestação de Maria João Pinho

- Bom uso de plano sequencia

- Boa Banda sonora

- Ótima cinematografia e direção artística.



Pontos Negativos:

- Trabalho de som mal conseguido no início do curta.


Nota: 19/20 - ECXELENTE

Comments


Fraco: 5 - 7,9;
Muito Fraco: 2 - 4,9;
Horrível: 0 - 1,9

Classificação (0 -20): 
Excelente: 18 - 20;

Muito Bom: 15 - 17,9;

Bom: 12 - 14,9;

Razoável: 8- 11,9;

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