Critica Sem Spoiler - Twenty Something
- Manuel Pessanha Costa
- 16 de set. de 2021
- 3 min de leitura

Twenty Something ou Vinte e Poucos é uma curta de animação dentro do programa Pixar Sparkshorts, que estreou no dia 10 de setembro no canal de Streaming da Disney, o Disney plus. A curta conta a história de Gia que na noite do seu 21º aniversário, não se sente ainda como adulta, mas sim como um monte de crianças escondidas dentro do seu casaco.
Todos nós estamos habituados às famosas curtas da Pixar que passavam antes dos filmes da empresa e que tinham como missão, além de entreter, também trazer temas interessantes e profundos, em forma de animação. Há poucos anos atrás, a Pixar criou o Pixar Sparkshorts, uma espécie de programa que tem como finalidade criar novas curtas, sobre a mão de novos artistas do estúdio, para que estes contem as suas histórias. Desta vez, quem assume a direção e o argumento desta curta é a artista Aphton Corbin, uma artista que trabalhou nos filmes da Pixar Soul (2020) e Toy Story 4 (2019).
Twenty Something é uma curta bastante competente naquilo que quer entregar e naquilo que retrata. A maneira como usa a analogia a seu favor, fez me lembrar uma outra curta da mesma empresa que passou antes do filme Incriveis 2 em 2018, Bao. A curta Bao retratou a ligação entre uma mãe preocupada e o filho através de uma analogia simples no qual a mãe cria uma pequena e frágil criatura feita de bao (uma espécie de espécie de pão cozido de origem chinês) como seu filho. Essa pequena criatura que cria é o seu filho na sua visão, algo frágil e sensível que deve ser bem protegido e muito bem cuidado para não se estragar. E à medida que a curta avança, notamos mais quais são os problemas de uma mãe bastante preocupada com o seu filho. Já em Twenty Something, a analogia é usada com a mesma finalidade de ajudar a retratar os problemas da passagem adulta, ao compará-la com crianças de idades diferentes dentro de um casaco a fingirem de adultos. Todos nós adultos já passamos por isso, uns mais cedo, outros mais tarde, ao não conseguirmos entender como é lidar com o facto de sermos adultos, mas no fundo ainda sermos umas crianças ou adolescentes que ainda não cresceram. Toda a narrativa e todo enredo da curta, com uso da analogia, ajuda a explorar todo esse tema, não exagerando no seu humor nos seus poucos minutos duração. No entanto, há um pequeno problema, o qual fica na palavra “Adulto” que citei antes. Ao contrário de outros curtas, no qual a Pixar consegue tanto ir ao encontro do público infantil e o público adulto, aqui nesta curta, por ser um tema que requer que tenhas passado por aquela experiência para se entender e para conseguir conectar, a curta fica mais virada mais para o público adulto e não para o público infantil. Isso não quer dizer uma criança não vai conseguir divertir-se com as pequenas piadas diretas que curta reserva, mas provavelmente não será das curtas que estes vão querer repetir mais vezes.
Já a nível técnico, estes conseguem fazer bem o seu papel dentro da curta. Primeiro, a animação 2D que se sobressai logo. Não é a primeira vez que em Pixar Sparkshorts, as curtas adotam este tipo de animação. Já vimos em Kitbull (2019) ou mais recentemente com Burrow (2020). Já nesta curta, a animação consegue ganhar um traço e estilo diferente e original, baseado nas ilustrações e programas animados do jornal “New Yorker”. A animação é bastante fluida e consegue cumprir o seu papel, quer a retratar o tema ou ajudar a contar a história. Por fim, temos a banda sonora, que não só consegue dar uma grande sensação de estarmos naquele local, como este também consegue conduzir toda a trama, sem perder o ritmo e sem destoar.
Em Suma, Twenty Something é uma curta animada bem conseguida, com uma ótima analogia que retrata perfeitamente todos os problemas da transição para a fase adulta. Se tiverem mais que 18 anos (ou 21, se forem dos estados Unidos) com certeza, esta curta irá tocar-vos de alguma forma. Caso sejam menores, provavelmente esta curta não será a vossa praia.
Pontos Positivos:
- Tema bem entregue e retratado.
- Analogia bem conseguida e bem executada.
- Bom equilíbrio do humor.
- Animação 2D com traços únicos, interessantes e bem fluída.
- Banda sonora que tanto consegue dar vida ao cenário, como acompanhar a curta.
Pontos Negativos:
- Pode não tocar tanto o Publico infantil e sim mais o público adulto.
Nota: 19/ 20 - EXCELENTE
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