Critica Sem Spoiler - He-man and the Masters of Universe (2021)
- Manuel Pessanha Costa
- 15 de mar. de 2022
- 6 min de leitura

He-man and the Masters of Universe ou He-man e os Donos do Univserso é uma série de animação criada por Robert David que estreou no streaming da Netflix a 16 de setembro de 2021. Sendo um reboot da série original He-man and the Masters of Universe de 1983-1985, a série conta história do jovem Adam, que logo que encontra uma espada mágica e ao proferir as palavras “By the power of Grayskull, I have the power” (“Pelo poder de Grayskull, eu tenho o poder”), ele se torna no forte herói He-man. Junto com os seus novos companheiros, terão que enfrentar o temível Skeletor.
Reboots hoje em dia são vistos como formas preguiçosas de se fazerem filmes/series, visto que estes e pegam em filmes/ series ou franquias já conhecidas e estabelecidas, e tentam reformular toda a sua história e regras. Embora não seja uma forma totalmente original de criar novas histórias no mundo cinematográfico, os reboots podem sim ter um papel importante, seja em dar uma nova visão a este mesmo universo que conhecemos ou simplesmente a atualizar para uma nova geração. Infelizmente, não tive oportunidade de assistir a série original He-man and the Masters of Universe (1983 – 1985), nem ao reboot de 2002, para conseguir ter uma melhor aproximação e abordagem a esta franquia. O pouco que conheço fica muito daquilo é publicado ou comentado nas redes sociais ou noticias, seja a falar bem ou só a brincar com a própria série. No entanto, ao não ter assistido a série original, poderei ter uma melhor olhar sobre este universo que este novo reboot apresenta e não ficar preso na nostalgia. Desta forma, He-man and the Masters of Universe (2021) surpreendeu-me pela positiva, mostrando muito do potencial que este universo tem e teve na sua época, mas agora para um novo público.
Ao contrário da série original, o Reboot opta pela estrutura mais clássica das séries de animação da última década em contar uma história contínua ao longo dos seus doze episódios. Desta forma, a narrativa da série, ao longo da sua história consegue equilibrar o seu humor e a sua ação, conseguindo extrair bons momentos de entretenimento. Algo que me chamou bastante a atenção foi a forma como esta contornou o problema do grande “poder” que o protagonista tinha em mãos, sem cair no erro de troná-lo demasiado forte e em desequilíbrio com os antagonistas. A série optou por conduzir a história ao máximo para que os dois lados (o do bem e do mal) estivessem quase equilibrados. Nos primeiros episódios, nota-se um certo desequilíbrio a favor do lado do protagonista, que é contrariado pela falta de experiência do próprio protagonista da história. Quando este aprende a usar o seu “poder”, a série toma a decisão de equilibrar o poder deste ao dar poder ao vilão. E assim sucessivamente. Este equilíbrio torna os obstáculos mais palpáveis e difíceis de ser ultrapassados. Já outra coisa que me chamou também a atenção foram os diálogos. Longe de serem diálogos reflexivos e maduros, estes chamaram atenção da forma como estes conseguiram dar algum passado a certas personagens, sem necessitar o constante uso de flashbacks ou de longas exposições. Estes foram diretos e concisos naquilo que queriam transmitir, no meio de momentos calmos ou mais de ação, deixando que o público consiga visualizar e entender, sem necessitar de explicar ou esmiuçar estes. Já os últimos episódios da série, além de serem contagiantes, conseguem também dar uma ideia de uma nova temporada. No entanto, a narrativa não foge de algumas falhas que me incomodaram. A primeira fica no uso de uma ideia que poderia servir de trunfo para uma possível última temporada, mas que aqui, a meu ver, é desperdiçada. Dando paralelo, na série She-ra and the Princesses of Power (2018 -2020), esse mesmo trunfo é utilizado no final da quarta temporada e intensificado na 5ª temporada, embora seja facilmente resolvido. Já aqui, embora crie um pequeno problema interessante, este é facilmente resolvido e cria um pequeno que poderá afetar as próximas temporadas da série. Já o segundo problema fica nos artifícios de transformação e de habilidades especiais. Estes são interessantes e fascinantes de se ver, mas o constante uso deles torna-se cansativo e repetido, principalmente numa série que foi distribuída toda de uma vez. Se a série fosse lançada semanalmente (ou seja, um episódio por semana), não haveria este problema, visto que o espaço de tempo entre episódio ajudava desacentuar essa repetição. Já numa série que em si instiga a ver tudo de seguida, este artificio torna-se chato, desnecessário e quebrando muitas vezes o ritmo da série.
A nível de personagens, a série apresenta um grupo grande no qual uns se beneficiam mais que outros. No entanto, uma coisa que me surpreendeu é nenhum dos personagens cai nos moldes estereotipados com pensei que fosse acontecer. Adam/ He-man, como protagonista da série, consegue se sustentar bastante mostrando uma personalidade destemida e aprendendo o que significa ser um herói. Ao ser o centro da atenção da trama, é ele que se desenvolve mais nesta primeira temporada. Teela consegue ser um grande suporte na narrativa em termos de conhecimentos e magia. O seu desenvolvimento consegue ser também coerente com o que lhe é dado. Já Duncan e Cringer são dois personagens que se beneficiam pela sua relação com os seus arqui-inimigos. Enquanto Duncan se desenvolve pela relação mestre e aprendiz com Kronis e na forma como este se opõe mais tarde a este, Cringer estabelece um passado intrigante com Beast-man e que consegue boa parte da sua personalidade. Para terminar o lado do bem, temos Krass e Ork-0. Estes dois são aqueles com os quais perdem com a própria narrativa. Krass consegue ter uma boa relação com Adam, mas pouco ou nada desenvolve nesta primeira temporada. Já Ork-0, embora a ideia de um robô ganhar uma própria identidade é interessante, este parece quase desnecessário na série, pelo menos nesta primeira temporada. Indo para o lado do mal, temos como principal vilão keldor/ Skeletor, que tal como Adam / He-man, consegue ser bem desenvolvimento, embora não tanto quanto eu esperava. As motivações dele são satisfatórias e consegue trazer alguma ameaça aos nossos heróis. Evelyn consegue ser uma inimiga interessante com motivações mais palpáveis e coerentes, tendo uma personalidade igualmente intrigante. Quanto a Beast-man, este só se beneficia com rivalidade que tem com Cringer e o seu passado. E Kronis é um dos personagens que mais foi descartado pelo próprio argumento. O personagem já me tinha chamado a atenção por não ir muito pelo caminho dos brutamontes sem cérebro. No entanto, parece que a série não consegue tirar grande proveito deste. A relação dele com Dunca só beneficia mais Duncan do que propriamente a ele, algo que me deixou um pouco desiludido. O restante personagem tem a função na trama e excutam-na de forma satisfatória.
Já a nível técnico, a série opta por uma animação 3D bastante fluida e com traços destintos, e uma esteticamente meio Cyberpunk misturada com a época medieval, que a torna a única e invulgar. Os designs destintos das personagens e dos cenários são bem trabalhados e bem utilizados para o que a narrativa pede. Dou destaque aos desenhos que aparecem no final de cada episódio que ilustram o que acontecerá no episódio seguinte, além ter estilo de arte destinta e única. Já os artifícios de transformação e habilidades especiais antes referidos, são delineados e coreografados, junto com a uma banda-sonora igualmente bem conduzida que consegue dar mais enfase a estes momentos, mesmo que esses, como disse antes, sejam repetitivos e atrapalhem bastante a narrativa. E por fim, mas não menos importante, a abertura da série. A boa utilização de um plano sequência sem cortes aparentes, com uma música contagiante, torna ela numa abertura memorável que fica na nossa cabeça por muito tempo.
Para Concluir, o novo Reboot He-man and the Masters of Universe de 2021 não é uma série perfeita, mas conseguiu surpreender-me bastante. Com momentos deliciosas, personagens cativantes e um etilo de arte distinto, esta série consegue ser um bom acerto da Mattel a trazer esta personagem consagrado para a nova geração. Com certeza é uma série que recomendo para os mais novos. Já para os grandes fãs de He-man, deem uma pequena chance. Acho que não se vão arrepender.
Pontos Positivos:
-Muito Bom equilíbrio entre ação e humor
-Muito Bom equilíbrio entre as forças de bem e mal no geral.
-Muito Bom desenvolvimento do protagonista e de boa parte dos personagens
-Vilões interessante e em desenvolvidos
-Animação com traços únicos e uma estética cyberpunk
-Artifícios de transformação e habilidade especial bem trabalhados a nível estético
-Ótima Abertura de série
Pontos Negativos:
- Utilização de um trunfo cedo demais que pode vir a ser fatal em temporadas futuras.
- Uso excessivo de artifícios de transformação e habilidades especiais que se tornam repetitivos e quebram o ritmo da série.
- Krass e Ork-0 pouco desenvolvidos nesta temporada.
- Kronis desperdiçado.
Nota: 16 /20 - MUITO BOM
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