Critica Sem Spoiler – Kid Cosmic (2ª temporada)
- Manuel Pessanha Costa
- 16 de set. de 2021
- 4 min de leitura

Kid Cosmic é uma série de animação criada por Craig McCracken, criador de Powerpuff Girls (1998 - 2005) e Wonder Over Yonder (2013 – 2016), e produzida pela Netflix. A sua segunda temporada de chegou ao canal de streaming vermelho no dia 7 de setembro de 2021. Depois de terem ido parar ao espaço no final da primeira temporada, Kid e os seus amigos terão que se preparar para derrotar o temível Erodius, enquanto fazem entregas espaciais.
A primeira temporada de Kid Cosmic conseguiu ser um bom ponto de partida para esta série, ao apresentar personagens divertidos e um protagonista que tinha muito por onde se pegar. O seu design e traço da animação conseguiu sobressair bastante bem, casando perfeitamente com o tema que a série pedia, com uma narrativa simples e convidativa, e claro, com grandes alusões às bandas desenhadas de super-heróis. Já esta nova temporada, tenta explorar mais o universo da série e trazer grandes desafios para os nossos heróis, mas não se consegue ir muito longe.
Na minha crítica à primeira temporada, eu já tinha elogiado sobre a decisão no final de colocar os heróis agora no espaço, mostrando que seria um bom prenuncio que iriam conseguir explorar melhor universo a partir daquele ponto. Nesta segunda temporada, mantenho com essa opinião, pois a série consegue mostrar logo a vida dos habitantes daquele extraordinário café ou estabelecimento, agora num novo contexto e local. E ao longo de toda a segunda temporada, narrativa consegue se mostrar segura e concisa para onde quer chegar e o que quer desenvolver. Os desafios que série propõe são interessantes e têm o seu charme, não só para ajudar a desenvolver os personagens, como também podendo ser uma espécie de contraponto a tudo que tínhamos visto na primeira temporada. A série mantem o seu charme que tinha na sua primeira temporada, mantendo sempre o mesmo equilíbrio entre humor e a ação. Tenta aperfeiçoar novas ideias, como adição de novas pedras do poder que mostram novas habilidades interessantes e que criam quase um novo desafio para os heróis, o que originam em cenas mais ousadas e uma criatividade maior. No entanto, nem tudo na série são flores e os últimos dois episódios são um dos principais problemas. Se antes o rumo que a série tomava era direto e coerente, nos últimos episódios, a narrativa perde-se e mostra-se confuso por muito tempo. Isto poderia ser um ponto positivo se enredo soubesse da confusão e fizesse de propósito para nos distrair. Mas neste caso não é bem assim. Craig McCracken parece não saber para onde queria ir nestes dois últimos episódios, e o resultado é que estes episódios, embora interessantes, vibrantes e cheios de momentos de ação frenéticos, estão também repletos de reviravoltas desnecessárias que só parece estar a encher o tempo de tela. Teriam sido mais interessantes, se fossem mais diretos ao objetivo. Quanto ao final, este até que é bastante promissor, voltando um pouco de novo ao ambiente que fizera tanto sucesso na primeira temporada, dando claro, uma continuidade para uma possível terceira temporada.
A Nível de personagens, a série toma uma brusca decisão ao passar Jo para o papel de protagonista e Kid para o um papel mais secundário. Se por um lado esta decisão levou a que a personagem Jo desenvolvesse melhor a sua personalidade e a relação com a sua mãe e amigos, por outro lado, quem fica mais a perder é Kid que agora passa para um lugar mais secundário, e embora tenha um papel forte na narrativa, não tem um desenvolvido tão acentuado quanto Jo. Já o restante personagens da série continua a encantar e desenvolver-se de forma satisfatória, embora nenhuma sobressaia, tirando claro a mãe de Jo, que aqui é um pouco mais explorada junto com a protagonista. Porém, para minha infelicidade, o único personagem que fica a perder com esta nova temporada é Chuck. Se na primeira temporada tinha adorado a personalidade deste, para deceção, este perdeu qualquer relevância na série, ficando mais no papel de um figurante. Indo para o lado do mal, temos os dois Vilões da série: Erodius e Fantos. O primeiro até que é uma boa grande ameaça que infelizmente é pouco explorado na série. Já o segundo, é um personagem extremamente engraçado e carismático, numa espécie de mistura de Galactus e Thanos da Marvel, que também consegue ser uma grande uma ameaça aos nossos herois.
Por fim, a animação de Kid Cosmic continua no mesmo moldes que a primeira temporada, mantendo os tons de cor semelhantes a banda desenhada, mas agora explorando mais designs mais espaciais e intergalácticos. É engraçado que se vê um pouco Wonder Over Yonder não só nos traços escolhidos, como também na forma como estes são apresentados e construídos. O arranjo musical continua a executar bem o seu papel, continuando com o seu tom eufórico que eleva bastante a grandiosidade da ação, sem nunca comprometer o charme da série.
Em Conclusão, a segunda temporada de Kid Cosmic continua divertida e carismática, embora nos seus últimos episódios pareça um pouco perdida e demorada. Pode não conseguir superar a sua primeira temporada, mas com certeza, não vai dececionar aqueles que já conhecem a série. Esperemos que numa possível 3ª temporada, ao voltar a ter os pés assentes no chão, consigam fazer uma temporada ainda melhor.
Pontos positivos:
- Narrativa ao longo dos primeiros seis episódios bem executada e orientada.
- Bom equilíbrio entre humor e ação.
- Ótimas referências a Banda Desenhadas de Super-heróis.
- Ótimo desenvolvimento de Jo como protagonista
- Ótimo desenvolvimento da relação de Jo com a sua mãe.
- Resto de personagens bem desenvolvidos e carismáticos
- Vilão Fantos carismático e engraçado.
- Animação com traço interessante e com grande estilo de Wonder Over Yonder.
- Arranjo musical bem executado.
Pontos Negativos:
- Os últimos episódios são arrastados e cheios de reviravoltas de desnecessárias.
- Kid não se desenvolve tanto como Jo.
- Chuck perde por completo relevância na série.
- Erodius não é tão explorado quanto podia.
Nota: 15 /20 – MUITO BOM
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